Edward Jenner foi um médico inglês que, ao observar que ordenhadores de vacas leiteiras raramente adquiriam a varíola humana, resolveu fazer um experimento. Inoculou em um menino o pus de uma ordenhadora que havia adquirido a varíola bovina e ele teve uma forma leve da doença. Posteriormente ele inoculou no mesmo menino pus de contaminados pela varíola humana e ele não manifestou a doença.
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Ele havia sido imunizado! Certamente, tal experimento hoje em dia não seria aceito por nenhuma comissão de ética em pesquisa. Mas eram outros tempos.
Desde Jenner as vacinas geram controvérsia. As vacinas (a palavra vacina vem do latim vaccinus, que significa “derivado da vaca”) foram abominadas pela sociedade da época, pois as pessoas afirmavam que ela transformaria as pessoas em vacas e outras coisas do gênero. Oswaldo Cruz, quando impôs a lei para vacinação compulsória contra a varíola, doença hoje extinta, enfrentou uma verdadeira guerra, “a Revolta das vacinas”.
Aos poucos, porém, na medida em que doenças potencialmente fatais e que afetavam principalmente as crianças, como a difteria, sarampo, o sofrimento causado pela poliomielite, foram sendo superados pelas estratégias de vacinação, os médicos e a sociedade passaram a valorizar as vacinas.
A vacinação é uma das mais bem sucedidas estratégias de prevenção primária criadas pela humanidade. Doenças que aumentavam a mortalidade infantil ou geravam sequelas para o resto da vida, foram superadas pela vacinação.
A classe médica passou a defendê-las como essenciais e criou-se um programa nacional de vacinação, que no Brasil funcionou de forma exemplar, sendo uma referência para outros países.
Porém, os movimentos anti-vacina sempre existiram. A homeopatia colocava-se numa postura francamente antagônica. Um trabalho publicado na revista inglesa Lancet, pelo pesquisador Wakefield, associava a vacina contra o sarampo ao autismo. O artigo causou comoção e muita controvérsia. Mas depois ficou claro que o artigo era uma fraude e a revista se retratou.
A pandemia pelo Covid 19 acompanhou-se de uma Infodemia, que segundo a OPAS trata-se de um fenômeno ocasionado pelo excesso de informações. “A palavra infodemia se refere a um grande aumento no volume de informações associadas a um assunto específico, que podem se multiplicar exponencialmente em pouco tempo devido a um evento específico, como a pandemia atual.
Nessa situação, surgem rumores e desinformação, além da manipulação de informações com intenção duvidosa. Na era da informação, esse fenômeno é amplificado pelas redes sociais e se alastra mais rapidamente, como um vírus.”
Isso gerou muita hesitação vacinal, o que prejudicou claramente a adesão da população à vacinação contra o Covid. Ainda temos uma baixa adesão à todas as doses da vacina.
Atualmente, existe um calendário vacinal para os idosos, que deveria ser seguido de forma regular. Infelizmente, nem todas as vacinas necessárias são oferecidas pelo SUS, como por exemplo a vacina contra o herpes zoster, doença que causa muito sofrimento e pode perdurar com sintomas desagradáveis por anos.
A vacinação contra a pneumonia coloca uma série de exigências para que o idoso tenha acesso a ela. A vacinação contra a influenza é motivo de crenças e percepções inadequadas por parte dos idosos. E as redes sociais amplificam estes rumores, causando mais uma vez a hesitação vacinal.
O que podemos tomar por lição é que a vacinação é um evento transformador, que modificou completamente a incidência de doenças graves, e que seu calendário deveria ser seguido à risca, particularmente nas populações mais vulneráveis. Os idosos se encontram neste grupo.
Vá até a UBS perto de sua casa e atualize o seu status vacinal. Você estará fazendo um bem para si e para a sociedade.